Uma pessoa tem audição normal quando ela escuta em até 25 dB, levando em consideração uma parte do audiograma. A partir disso, podemos classificar as perdas auditivas em:
Com esse grau de perda auditiva o paciente tem dificuldade em algumas situações como: comunicar-se em ambientes barulhentos, conversa em um grupo de pessoas e compreender o que é dito quando o interlocutor está distante. O volume da televisão, às vezes, pode ficar um pouco mais alto.
Pessoas com perda de audição de grau moderado podem aumentar um pouco mais o volume da televisão e a dificuldade para entender as outras pessoas também pode aparecer mesmo em ambientes silenciosos. Comunicar-se pelo telefone também passa a ser uma dificuldade.
A conversa com as pessoas fica muito difícil. O interlocutor precisa falar em um volume bem alto e mesmo assim o paciente pode não entender. Falar ao telefone não é mais possível. E a televisão, mesmo em volume alto, muitas vezes não dá para entender.
A conversa com o outro só é possível com apoio visual.
Dá para entender melhor olhando o audiograma dos sons do português. Por meio dele podemos ver quais são os sons que a pessoa está deixando de escutar e o quanto isso pode atrapalhar no dia a dia.
Além dos graus de perda auditiva existem também os tipos de perda e para cada caso há um tratamento específico. Mas mais importante do que saber o quanto você escuta é entender o que os sons que estão faltando podem trazer de dificuldade no seu dia a dia.
Doutora em Fonoaudiologia na Universidade de São Paulo (USP), em 2021.
Mestre em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- SP), em 2011.
Especialista em Audiologia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 2006.
Fonoaudióloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica São Paulo (PUC-SP), em 2004.
Atua na área de audiologia clínica, reabilitação audiológica, reabilitação vestibular e treinamento auditivo em crianças, adultos e idosos, desde 2005.
A Audiometria é um exame que avalia a capacidade de ouvir sons. Em cada frequência (medida em Hertz) é testada a intensidade (obtida em decibéis) e a partir das respostas psicoacústicas do paciente o profissional pode traçar um "audiograma" quando se chega ao limiar auditivo, que é o mínimo que o paciente escuta. Desse modo, o audiograma mostrará uma audição normal ou nos dará o grau da perda auditiva: leve, moderada, severa ou profunda.
A imitanciometria é um exame simples e indolor. Ele avalia o funcionamento da tuba auditiva e as estruturas da orelha média: membrana timpânica e os ossículos (martelo, bigorna e estribo). A avaliação consiste em medir a complacência (menor ou maior rigidez) da membrana timpânica e a mobilidade dos ossículos. Também pesquisa-se os reflexos auditivos, importantes para um diagnóstico preciso.
Pesquisa da frequência e intensidade do zumbido e limiar mínimo de mascaramento do zumbido.
Realizado em crianças acima de 7 anos, adultos e idosos com audição normal ou com perda auditiva, com as seguintes queixas:
- Dificuldade em compreender a fala
- Desatenção, distração
- Agitação, inquietação
- Pede para repetir
- Parecer não ouvir/entender bem
- Dificuldade para ouvir e prestar atenção em ambientes ruidosos ou com mais pessoas falando ao mesmo tempo
- Dificuldade de aprendizagem e/ou para ler e escrever
- Troca de letras para falar, ler ou escrever
- Dificuldade de memória
- Dificuldade de concentração
- Dificuldade de localização sonora
- Dificuldade para realizar uma sequência de tarefas que lhe foi solicitada, ou organizar pensamentos
- Não compreende o que lê
- Não entende uma piada ou "duplo sentido".
O Processamento Auditivo é o resultado da conversa que a orelha tem com o cérebro (Musiek, 1994). Ou seja, quando o processamento auditivo está alterado, o indivíduo terá dificuldade em processar as informações captadas pelas vias auditivas. Assim, ela ouvirá a fala, mas terá dificuldades em interpretar a mensagem recebida.
Caso haja um distúrbio no Processamento Auditivo, a avaliação mostrará as habilidades auditivas alteradas e essas informações nortearão as orientações e todo o processo terapêutico.
O treinamento auditivo é um dos métodos terapêuticos utilizados na reabilitação auditiva de indivíduos com alteração de processamento auditivo.
O sucesso do treinamento auditivo está diretamente relacionado à plasticidade cerebral. O cérebro pode ser alterado por estimulação acústica ou pela falta dela, e, dessa forma, o treinamento auditivo pode melhorar habilidades auditivas trazendo melhora ao desempenho auditivo do paciente.
As tarefas utilizadas em um treinamento auditivo devem ser apropriadas para a idade e o nível de linguagem da pessoa. Os exercícios sempre serão realizados gerando desafio e repetição.
Hoje existem vários jogos e sites que trabalham as habilidades auditivas e consequentemente melhoram a performance auditiva e o foco atencional.
Conheça o Treino Habilidades Audio Cognitivas
Cada paciente deve ter um programa de treinamento auditivo personalizado que pode utilizar jogos no computador, no tablet, atividades de escuta em sala de terapia e em cabine acústica.
Seleção do aparelho auditivo mais indicado, levando em conta as características individuais do paciente.
Os aparelhos auditivos atualmente são muito menores, estéticos, confortáveis e ainda melhoram muito a qualidade do som.
Cada marca e cada modelo tem sua peculiaridade. Hoje os aparelhos são como microcomputadores que podem analisar o som do ambiente e funcionar de acordo com a situação que o paciente está.
Os diferentes tipos de aparelhos não funcionam da mesma forma pois existem muitas marcas, alguns modelos e diferentes níveis de tecnologia.
Cabe ao fonoaudiólogo orientar quais os modelos indicados para a sua perda auditiva. No entanto, seu estilo de vida e suas necessidades auditivas são determinantes para decidir qual o nível ideal de tecnologia ou sofisticação do aparelho.
Se você passa a maior parte do tempo em casa, conversa com poucas pessoas, não tem tantas atividades sociais, um aparelho de menos tecnologia pode ser adequado para seu caso. Mas se você tem muitas situações de escuta com muitas pessoas, reuniões de trabalho, viagens, palestras, aulas, conversas em outras línguas… um aparelho mais sofisticado pode trazer melhores condições de escuta.
A sua habilidade manual também pode influenciar na escolha do modelo: pilhas maiores ou menores, aparelhos carregáveis, etc.
Cada marca tem características especificas que podem ser importantes para cada paciente.Dessa forma é importante testar pelo menos duas marcar diferentes nas situações do dia a dia.
Somente os testes no dia a dia, as avaliações objetivas e subjetivas realizadas no consultório e a verificação adequada vão poder responder qual será o melhor aparelho auditivo para cada caso.
O Mapeamento de Fala é o registro por frequência da fala amplificada pelo aparelho auditivo captada diretamente na orelha do usuário. Assim é possível observar se a fala está ou não sendo amplificada, possibilitando que façamos os ajustes nas frequências que necessitam de mais ganho para se tornar a fala mais audível, deixando os ajustes ainda mais precisos.
É uma medida de verificação como as outras medidas in situ. Mas com o Mapeamento de Fala podemos utilizar estímulos de fala como o ISTS (International Speech Test Signal) que foi desenvolvido fazendo a junção de diferentes línguas ou atualmente o sinal Teste de Fala em Português Brasileiro. Com a utilização desses sinais conseguimos medir exatamente se a fala está sendo amplificada pelo aparelho auditivo.
Além de permitir ajustes mais precisos para os sons de fala ainda é uma ótima ferramenta de orientação para o paciente.
O mapeamento de fala não avalia a capacidade do paciente compreender a fala. Essa interpretação está ligada ao Processamento Auditivo Central. O mapeamento de fala apenas avalia se o aparelho auditivo está amplificando satisfatoriamente a fala.
O mapeamento de fala é uma ferramenta importante para utilizarmos e garantirmos cada vez mais o bom desempenho com a amplificação.
É comum pacientes que, mesmo com uma boa adaptação dos aparelhos auditivos, continuam com algumas queixas: dificuldade de compreensão de fala em ambientes ruidosos e localização sonora, falta de atenção e isolamento social.
Sabemos da eficácia do treinamento para a melhora das habilidades auditivas dos pacientes. Atualmente temos alguns softwares interativos e muito interessantes para treinamento auditivo que trabalham as habilidades auditivas e consequentemente melhoram o entendimento de fala de pacientes que usam aparelhos auditivos.
Cada paciente, após passar por uma avaliação das habilidades auditivas cujo resultado indicar alteração, terá um programa de treinamento auditivo personalizado e a inclusão de softwares interativos, o que pode deixar o processo mais interessante e também eficaz.
As tarefas realizadas durante o treinamento auditivo sempre serão realizadas proporcionando desafio e repetição.
A dificuldade é variada gradativamente a medida que o paciente responde corretamente. Essa variação pode ser realizada por meio de modificação do conjunto do estímulo (conjunto fechado, semiaberto ou aberto), modificação do ambiente ou da apresentação do estímulo (mudança da relação sinal/ruído), aumento na quantidade de estímulos. Elevar o grau de dificuldade gera desafios para o sistema auditivo.
- Indicada para pessoas com tonturas e desequilíbrio com o objetivo de ter diminuição ou cura dos sintomas, evitar possíveis quedas, redução do medo e da ansiedade gerando mais segurança e consequentemente melhora na qualidade de vida.
- Reabilitação vestibular personalizada.
- Manobras reposicionadoras para tratamento da Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)
- Solicito que repitam o que foi dito.
- Ouço, mas não entendo.
- Tenho dificuldade para entender em um grupo de pessoas ou em ambientes barulhentos ou reverberantes.
- Não compreendo quando falam mais baixo.
- Tenho a sensação de que é o outro que não está articulando bem as palavras.
- Tenho que aumentar o volume da televisão.
- Troco uma palavra por outra que tenha som semelhante. Alguns sons acabam chegando sem muita nitidez e a tendência é tentar adivinhar o que foi dito.
Com essas características quanto antes iniciarmos o processo de reabilitação melhor!
- Evitar umidade.
- Usar baterias de boa qualidade.
- Fazer limpeza diária.
- Deixar longe dos animais de estimação.
- Usar o desumidificador elétrico.
- Enviar os aparelhos auditivos para fazer revisão e limpeza no seu fabricante sempre que alguma coisa diferente aparecer como consumo elevado de bateria, som distorcido ou abafado.
O tempo médio de vida útil dos aparelhos auditivo é 5 anos. Quanto mais cuidarmos mais vamos garantir a qualidade do som nesse período.
Apesar de hoje os aparelhos auditivos apresentarem excelentes recursos físico-acústicos que proporcionam melhor desempenho do paciente em praticamente todas as situações de escuta, algumas estratégias de comunicação ainda são importantes para facilitar o dia a dia de quem usa amplificação:
- Preste atenção na distância entre você e o falante. Em um restaurante, tente escolher um lugar próximo da pessoa que quer conversar. Em uma mesa com mais de 4 pessoas, evite sentar na ponta. Os lugares no meio permitem uma distância menor com mais interlocutores, o que facilita a conversa com um maior número de pessoas.
- No teatro, em aulas, na igreja ou em outros recintos similares, sente nas primeiras fileiras. A distância acaba atrapalhando o bom entendimento.
- Quando possível, em um restaurante, escolha mesas no canto, longe das portas, janelas ou passagens. Quanto menos deixarmos o ruído interferir, melhor.
- Conversas de um cômodo para outro nem sempre são possíveis.
- Reduza o ruído ao máximo! Feche a janela do carro ou diminua o rádio quando for conversar, por exemplo.
- Não finja ter entendido se na verdade não entendeu. Não tem problema nenhum pedir para repetir algumas vezes. Melhor pedir para repetir do que fazer interpretações erradas.
- Além dos aparelhos auditivos, outros acessórios podem tornar o dia a dia ainda mais fácil.
- E, finalmente, utilize seus aparelhos em todas as horas que estiver acordado. O uso continuo faz toda a diferença no desempenho auditivo!
O uso de aparelhos de amplificação sonora e a reabilitação auditiva melhoram o entendimento de fala, evitam o isolamento, mantém o contato familiar e social e assim, consequentemente, proporcionam melhor qualidade de vida.
Pessoas idosas com perda de audição têm mais possibilidade de desenvolver demência do que as que têm audição normal.
O risco de demência aumenta com o grau de perda auditiva! Um indivíduo com perda auditiva leve pode ter 2 vezes mais chances de desenvolver demência. Um indivíduo com perda de audição moderada tem 3 vezes mais chances e alguém com perda severa tem 5 vezes mais quando comparados com as pessoas com audição normal.
A deficiência auditiva não é considerada característica da demência, mas várias pesquisas recentes sugerem que a perda auditiva pode prever ou acelerar a deterioração cognitiva. Sabe-se, hoje, que uma perda de audição tem efeitos sobre a deterioração cognitiva equivalente a cerca de sete anos de envelhecimento.
Dessa forma, além da reabilitação proporcionar mais qualidade de vida e isso já ser um grande motivo para iniciarmos o quanto antes o processo de reabilitação, essas informações que discutimos aqui mostram que esperar para iniciar o uso de amplificação pode trazer ainda mais consequências do que imaginávamos no passado.
Dicas para os professores:
- Diminua o ruído.
- Atenção ao uso do sistema FM. Se a criança não usa o sistema FM entender que o dispositivo usado pela criança capta o som com a ajuda do microfone e este perde intensidade conforme a distância. Quanto mais próximo ficar da criança, melhor.
- Lugares estratégicos: O lugar onde a criança irá sentar para assistir às aulas é muito importante. Ela deverá estar de frente para o professor, na primeira ou na segunda fileira e de preferência longe de fontes de ruídos, como ar-condicionado e barulhos externos.
- Perceber se a criança está seguindo as conversas com o grupo de colegas. Importante esclarecer aos amigos a necessidade de se falar um por vez. Prestar atenção se ela entendeu realmente o que foi dito, principalmente nas situações de conversas com várias crianças, como atividades em conjunto, por exemplo.
Algumas dicas importantes para professores:
- Coloque a criança na primeira fileira, perto do professor e longe de portas e janelas.
- Repita informações "chaves" ao longo da aula.
- Mostre à criança (chamando a atenção de alguma forma como com gestos, por exemplo) quando um ponto importante está sendo explicado.
- Ferramentas visuais (quadro, computador, tablet) e a utilização de imagens e gestos podem ajudar muito.
- No momento da realização de provas e trabalhos é importante um ambiente tranquilo e silencioso.
- Não dê tanta importância, nesse momento, para erros ortográficos.
- Dividir as instruções dos trabalhos e das provas em pequenos passos escritos é um facilitador.
- Preparar o assunto que será da próxima aula com a criança, familiarizando-a com o que será dado em aula, também é uma boa alternativa para ajudá-la no aprendizado.